Joias na Europa
Tornara-se necessário colocar limites nos excessivos arroubos dramáticos do Barroco e do Rococó. E o Neoclassicismo foi o movimento cultural europeu, com base em ideias do Iluminismo e renovado interesse pela cultura da Antiguidade Clássica, que buscou esta renovação.
Desde o final do século XVII, um panorama diversificado na produção de joias da Europa se deu com novas influências misturadas a temas antigos: porta-joias, cabos para talheres e miniaturas de mobílias eram produzidas por artesão dos Países Baixos especializados em filigrana. Joias de ferro com ornamentos negros moldados em design clássico e réplicas de camafeus das fundições berlinenses. Ornamentos góticos, arcos ogivais, janelas com rosáceas e trevos. Na Suíça, faziam-se caixas, relógios e correntes, pulseiras com placas de figurações femininas. Das Florestas Negra alemãs saíam objetos esportivos esculpidos em marfim. Veneza tornou-se notável pela conta de vidro e correntes de ouro, Gênova pela filigrana prateada, Nápoles pelos corais esculpidos em contas e camafeus, Florença pelos ornamentos marchetados em padrões decorativos. A variedade era imensa e prolífica.
Com a chegada de Napoleão ao poder, com toda exibição e pompa, o revigoramento da arte da joalheria aconteceu. (Os anos anteriores, seguintes à Revolução Francesa, haviam sido marcados por trajes simples, com diminuição do uso de joias por toda Europa e colônias.) Na Inglaterra, a luxuosa aristocracia, liderada pelo príncipe regente George IV, nutria-se paixão pelo soberbo e suntuoso.
O século XIX na Europa é marcado pela grande produção de joias e pela profícua relação que estas mantinham nas relações sociais e afetivas das pessoas.
A Inglaterra de 1714 a 1830 foi governada por quatro reis de nome George. Nessa época, a joalheria era conservadora, artesanal, pesada, e,já no fim do período georgiano, tinha a função de ostentação. Homens e mulheres usavam correntes de ouro pesadas, além de anéis, fivelas, adereços para cabelos, broches e botões preciosos que eram costurados nas roupas. Fora de Londres, como nas colônias americanas, eles podiam vestir-se com mais liberdade, já que as mulheres dos Estados Unidos não haviam aprendido as regras de decoro social das altas classes britânicas. No fim do período georgiano, coincidindo com a revolução francesa e as guerras napoleônicas, os pesados ornamentos foram substituídos por joias mais sutis.
Quando a jovem Vitória tornou-se rainha da Inglaterra, aos 18 anos e em 1837, inaugurou uma nova era – a era vitoriana. Seu gosto por joias e sua personalidade influenciaram enormemente os estilos que se desenvolveriam. As saias se alargaram novamente, sustentadas por várias camadas de anágua, o que, juntamente com as joias, mostrava a riqueza da família. Usavam-se broches de ombro e chatelaines com correntes que pendiam do ombro ou da cintura para carregar itens pessoais. Usavam também vários braceletes de uma vez ou braceletes com pingentes (uma espécie de amuleto em que cada pingente tinha um significado específico). Foi também o período em que era comum o uso de cabelo humano trançado com fio de ouro. A Rainha Vitória também adorava anéis e não era raro vê-la usando vários ao mesmo tempo, às vezes tomando todos os dedos. Era comum também o uso de motivos florais e naturalísticos, folhas, insetos. Os camafeus foram redescobertos e várias escolas se esforçavam para ressuscitar a arte de esculpir em pedras e conchas.
A ideia de que uma joia pode conter as características inventivas de um criador, ou que, a pedido, se desenhe um objeto de beleza único e particular, é uma marca do início do século XX. Tradicionalmente, as peças mais fabulosas pertenciam às aristocracias que passavam suas joias de família de geração em geração. Com a chegada de uma nova alta burguesia com muito dinheiro e o gosto por símbolos de status, as joias tornaram-se objeto de desejo, não apenas pelas pedras que levavam, mas também, pelo mágico nome do criador que as assinava e modelava: Cartier, Fabergé, Tiffany &Co, Boucheron, Willian Morris… Nomes fabulosos que, no início do século, renovaram o cenário, trazendo novas técnicas e pensamentos sobre a arte nas joias do novo século.
Durante a Belle Époque (período também conhecido como Eduardiano, nome do entusiasta príncipe galês Eduardo VII e também uma referência à aproximação de alguns artistas da estética do rococó francês do século XVIII), Paris havia se convertido na cidade das extravagâncias, um centro de prazeres sensuais. Tornara-se o cenário das celebridades internacionais e das rainhas do demi-monde, como a Bella Otero, Liane de Pougy e Émilienne d’Alençon, mulheres que usaram sua astúcia e sensualidade para levar seus pretendentes à loucura e viver em grande luxo.
Desde o Renascimento onde reinava a ideia de que os produtos relacionados com a moda eram inferiores do ponto de vista artístico e este movimento, e seu inevitável subsequente, a Art Nouveau negava-se este pressuposto. A arte poderia ser feita em pequena escala, a serviço da moda, e ser igualmente bela. Para estes desenhistas, a estética do objeto era mais importante que o valor intrínseco dos materiais usados, de forma que começaram a ser utilizadas pedras semipreciosas, como a ametista e as pedras de água doce, nas peças desses artistas. Desta forma, o joalheiro deixava de ser um mero engastador de pedras a gosto do cliente para converter-se em um verdadeiro artista capaz de criar joias segundo sua visão pessoal dos metais preciosos e das gemas.
Durante a Belle Époque, as curvas e os arabescos próprios da Art Nouveau foram aplicadas no desenho de joias. A arte nova era sinuosa e sedutora, e se inspirava em uma fauna e flora exóticas, com motivos recorrentes como as libélulas, os pavões reais e as mariposas, combinados com os alucinantes experimentos do simbolismo francês, a embriagante sedução da obra do artista checo AubreyBeardsleye as femmesfatales do artista checo Alphonse Mucha.
Este, que foi o primeiro movimento estético internacional e autêntico do século XX, no tocante à produção de joias, conquistou a possibilidade de se distanciar dos estilos anteriores do século XIX e da “tirania do diamante”. A natureza passou a ser a grande referência dos artistas, assim como a assimetria, a simplicidade na composição e a economia de linhas, inspiração vinda do descobrimento da arte japonesa no século XIX. Quando combinados com os mistérios decadentes do simbolismo de Baudelaire, nasceu uma nova estética.
Muitas peças dessa época incorporaram formas orgânicas, combinadas com o uso de pequenas pedras incrustadas, ao invés dos ostentosos solitários da era vitoriana. Uma vasta combinação de natureza e simbolismo francês.
Os primeiros gestos dessa novidade nasceram na arquitetura vienense de Adolf Loos e francesa de Le Corbusier. Ambos destacavam uma arte direta, econômica, sem ornamentos, nova. Na moda, surgia uma nova mulher. Mais jovem, estilizada, e roupas de cintura baixa – perfeitas para o uso de longos colares de pérolas. Os vestidos soltos sem manga refletiam as novas possibilidades que surgiam para as mulheres nos campos profissional, social e político.
“Viva e esqueça o passado!”
O termo Art Déco, de origem francesa (abreviação de artsdécoratifs), refere-se a um estilo que se afirmava nas artes plásticas, artes aplicadas e arquitetura. Predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato. Entre os motivos mais explorados, estão os animais e as formas femininas.
O termo Art Déco, de origem francesa (abreviação de artsdécoratifs), refere-se a um estilo que se afirmava nas artes plásticas, artes aplicadas e arquitetura. Predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato. Entre os motivos mais explorados, estão os animais e as formas femininas.
A Art Déco apresentou-se de início como um estilo luxuoso, destinado à burguesia enriquecida do pós-guerra, empregando materiais caros como jade, laca e marfim. Mas, também, com desenhos simples e linhas precisas, utilizava-se de materiais criados pelo homem, como a resina, dando às joias deste período características mais modernas.
A aplicação dos princípios da nova estética ao desenho em pequena escala deu-se na Staatliches-Bauhaus, uma escola alemã de desenho, artes plásticas e arquitetura que empreendeu sua trajetória a partir de 1919 e teve seu fechamento forçado pelos nazistas em 1933. Sua filosofia “a função define a forma” se aplicou a todos os produtos feitos por este grupo de alunos e professores vanguardistas. Seu desenho devia ter “idoneidade funcional” e encontrou sua identidade visual nas linhas ergonômicas puras, como no caso da cadeira de aço tubular e lona de Marcel Breuer, uma clara ruptura frente à clássica poltrona de estofados para sentar-se junto ao fogo, ou nas mesas construtivistas de cristal e aço do visionário Ludwig Mies van der Rohe.
A Bauhaus instigou um conceito radicalmente novo: o desenho industrial. A escola abarcava o mundo dos processos industriais e a fabricação em série e via a indústria como o utópico caminho para o bom desenho doméstico. As românticas complexidades estéticas da Art Nouveau deram lugar a um desenho baseado nos elementos mais básicos. A vida começava a se dar demasiadamente depressa para admitirem-se distrações burguesas.
Na segunda década do século, a estética da Bauhaus havia contaminado o mundo das joias. Foi significativo o momento em que a instituição Fouquet & Sons adaptou um elegante e comedido estilo moderno. Os joalheiros franceses Cartiere Boucheron imprimiram um estilo de belo glamour na austera marca da escola alemã. Na ocasião da Exposição Internacional das Artes Decorativas que se deu em Paris em 1925, uma luxuosa versão francesa daquela estética foi apresentada ao público. O enorme pavilhão de joias do Grand Palais mostrou as obras de Aucoc, Boucheron, Van Cleef&Arpelse Mauboussin, entre outros, todas elas expostas sobre telas de crepe chinês do mais pálido tom rosado.
Os engastes geométricos luziam um luxo de grande qualidade com enormes gemas; se tratava da joaillerie, um tipo de joia centrada nas pedras preciosas com valor ainda maior do que aquelas feitas de metal precioso, como a bijuteria própria da Art Nouveau. Os avanços tecnológicos deram às gemas uma forma mais angulosa. Favoreceu-se o uso de grandes citrinas, ametistas e fragmentos de cristais de rochas: seu caráter translúcido contrastava com os materiais opacos como a jade, e a justaposição de um diamante com o ônix oferecia um radical contraste visual em negro monocromático que trazia com perfeição a sensação de dinamismo da época. A hematita, principal minério de ferro, era sempre usada pelo seu forte brilho metálico, suas formações de cristal obscuro complementavam as superfícies polidas da prata, do ouro gris ou da reluzente laca negra.
Novamente a guerra solapava o mundo com seus grilhões econômicos, sociais e psicológicos, e a austeridade se impôs sobre a moda trazendo a bijuteria como reforço para a moral feminina. À medida que a roupa se tornava um artigo cada vez mais utilitário, as peças sintéticas, capazes de trazer um traço de alegria para tanta sobriedade, vinham a ser o antídoto perfeito. Outro reforço moral foram as “joias patrióticas”, com a simbólica e emotiva combinação de cores vermelhas, brancas e azuis, uma alusão às bandeiras dos EUA e do Reino Unido.
A produção de joias na Europa desacelerou, e os bombardeios dizimaram importantes centros manufatureiros como Birmingham na Inglaterra e Pforzheim na Alemanha. Paris, apesar da ocupação alemã em 1940, contava com um público endinheirado e suas marcas de prestígio se mantiveram, apesar da escassez de matéria prima. Nesta época, um número grande de joias foi produzido na cidade e o mercado de joias antigas cresceu.
Seguindo os passos de Chanel, o caráter do “falso” mudou completamente: não se tratava de imitar o autêntico. Era evidente que nenhuma gema autêntica podia ter aquelas dimensões. O plástico foi totalmente aceito como material maleável ao qual se podia dar qualquer forma que uma mulher sem complexos estivesse disposta a usar.
O plástico, o último dos materiais modernos, podia ser moldado em processos industriais rápidos para acompanhar o ritmo das mudanças da moda. As peças eram tão baratas quanto efêmeras: seu preço reduzido permitia substituí-las a cada nova temporada. Antes se havia usado o celulóide e a galatita, porém foi a baquelita, síntese de fenol e formaldeído inventada por Leo Baekelandem 1907, o material dominante desta época. Trata-se de um material sintético assombrosamente duro e resistente ao calor (motivo pelo qual se utilizou em tantos materiais elétricos) e que podia ter-se em muitas cores.
No final da década de 1930, a baquelita era onipresente e se podia ver em cozinhas e banheiros além dos adornos femininos. Serviu para fazer bijuterias lindas e coloridas, e trabalhando seu entorno, motivos florais, frutas e animais eram alcançados. A baquelita mais procurada era a de cor “sumo de maçã”, um amarelo translúcido e dourado assim como a chamada “estilo Philadelphia”, que combinava cores vivas como âmbar, o verde e o vermelho em chamativos efeitos geométricos. Em um leilão celebrado na Filadélfia em 1988, pagou-se 17.000 dólares por um exemplar desta baquelita batizada com o nome da cidade.
O movimento surrealista se movia em âmbitos peculiares e alucinantes, da forma mais cativante nas obras de SalvadorDalí, LeonoraCarrington e René Magritte. Inspirados pela obra de Sigmund Freud, mais especialmente pela obra A Interpretação dos Sonhos, de 1899, onde se propunha que a compreensão dos sonhos era o caminho para compreender o inconsciente, os artistas buscaram recursos de seu próprio interior, dando forma visual às justaposições mais inesperadas.
Desde 1924, Paris tornara-se tanto o centro da atividade surrealista como o da alta costura, fazendo com o que o encontro de ambas fosse apenas uma questão de tempo. Encontraram-se, por exemplo, na colaboração entre Elsa Schiaoarelli(1890-1973) e o pintorSalvadorDali. Ela, romana advinda de um ambiente muito intelectualizado, havia se mudado para Paris a fim de criar uma moda impactante mas também chique. Desenhou chapéus em forma de costeletas de cordeiro e cérebro à vista; botões em forma de palhaços de circo e acrobatas, além de bolsas em formato de jaula de cristal.
Na vitrine da sua boutique na Place Vendôme, Dalímontou uma estranha instalação com ursinhos de pelúcia rosa, sentados num sofá inspirado nos lábios da atriz Mae West. Figuras da alta sociedade como Daisy Fellowes usaram seu estranho chapéu com um colar de contas em formato de aspirina.O cotidiano transformara-se em peças de moda.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Paris voltou a abrir suas portas para o glamour; casas de alta costura recobraram o brio, e as mulheres, ansiosas para mostrar um aspecto renovado, aguardavam inquietas pelas novidades. E não tardou muito. O novo nasceu das mãos de Christian Dior, que ofereceu a seus clientes roupas que faziam emergir de seus corpos um mar de pétalas de sedas, com luxuosos cortes ajustados à cintura.
O ouro seguia gozando de popularidade, agora com texturas nas superfícies e gemas em combinação de cores turquesa e coral. Porém, a pedra preferida das mulheres seguia sendo a pérola.
Entre tanta pretensão e ostentação, a modernidade se abriu graças à influência escandinava, cujos desenhistas de estilo brando e orgânico verteram forças para um novo mundo. Formas abstratas associadas à chamada “era atômica” apontavam a direção do mundo voltado agora para o espaço.
A mirada para o futuro nascia cheia de otimismo e imaginação. Tecnologia, cultura pop, psicodelia, novos paradigmas. Nasciam os anos 60, cheios de promessas de uma nova era. E junto dela nascia uma nova figura feminina; uma figura andrógina, pré-adolescente, desportiva, futurista, sedutora, com roupas geométricas e elementares, prática. Nada de dirigir esforços à elite. Com a morte de Dior, a moda passou a ter sua sede em Londres. A adolescência parecia poder se prorrogar, nascia uma época em que ser jovem era tudo!
Surgiram na Itália novos nomes importantes, que criariam artigos e desenhos importantes para a história daquela época: Gucci, Pucci e Ferragamo. Era uma época de poucas joias. Sua identidade agora se aproximava de uma velhice. As pulseiras transmitiam os motivos futuristas da década. Brincos grandes e geométricos em metal também se tornaram tendência. E a joalheria escandinava manteve sua influência neste período. A bijuteria assume papel importante, trazendo materiais como cristal e plástico para frente das joias. Nasciam as hippies chiques
A Renascença
A Renascença foi um período de prevalecimento da racionalidade e de ruptura com o universo feudal e com as estruturas medievalescas, com a revalorização e ressignificação do humano frente ao divino.
Em arte, o objetivo era produzir obras tão belas quanto as da Antiguidade como, principalmente, a grega, e, até mesmo, superá-las. É um período fértil para a joalheria, com grandes artistas como Albrecht Dürer, Hans Holbeine Giulio Romano, patrocinados pela nobreza para produzir peças com desenhos que estimulassem os ourives a aperfeiçoar a esmaltação e a fundição, levando a confecção das joias a um nível semelhante ao das Belas Artes.
A Renascença, além dos temas clássicos, trouxe para o universo imaginário dos ourives temas como heróis, sátiros, ninfas e divindades. Era um período de investimento em novidades como adornos para o cabelo e flâmulas que se tornaram símbolo de riqueza. Com a expansão do mundo europeu, novos assuntos interessaram à joalheria, como a botânica e a floricultura, consequência do exotismo do Novo Mundo.
Num período em que reis comandavam Estados com poderes ilimitados, nos quais a igreja se via diante da necessidade de reformulação de seus paradigmas, em que a racionalidade alcançava um status complexo e sistemático, em que a ciência dava sinais claros de poder contra a irracionalidade, somente um nome como barroco poderia sintetizar a época. O barroco é um período conhecido por sua volúpia, seu exagero, sua volta, sua sobra. Pode-se dizer que arte deste tempo, foi o resultado do complexo conjunto de fatores religiosos, políticos e culturais em diálogo com as vicissitudes humanas.
As joias deixaram de caminhar lado a lado com as Belas Artes, e a preocupação se voltou novamente para as pedras. O aprimoramento das técnicas sobrepôs-se à expressão intelectual de status ou crença religiosa. É a época em que Paris, sob o reinado de Henrique IV, foi reconhecida como centro da moda. Esse desenvolvimento só foi possível pelo aumento do fornecimento de pedras preciosas, fruto da permissão concedida aos joalheiros portugueses pela Companhia das Índias para comercialização destes produtos.
Foi um período de êxito no campo técnico, com várias inovações,decorrentes das descobertas das leis da refração e dos princípios da geometria analítica. Restam, porém, poucas peças originais da época. O alto valor comercial de suas pedras fizeram com que as peças fossem desmontadas para sua reutilização em joias mais adaptadas à moda das épocas subsequentes.
ROCOCÓ
A concha; este é o significado da palavra francesa rocaille, mais tarde associada ao movimento artístico europeu Rococó, que surge inicialmente na França como uma variação profana dos barrocos italiano e alemão. Foi um momento de libertação da temática religiosa e de invasão da estética do exagero na pintura, ourivesaria e na decoração.
Foi o período conhecido como Século das Luzes, reflexo de uma época na Europa em que se procurou dar valor à razão contra abusos do Estado e da Igreja e, através disso, valorizar o ser humano numa sociedade plena, sem trevas e obscurecimento da vida. Foi também o período de surgimento do Estilo Luís XV, de grande relevância para a decoração de interiores e o mobiliário; uma estética a serviço de seu tempo, em busca de prazeres do cotidiano. Surgiram as joias para serem usadas durante o dia, mais leves e assimétricas. E joias noturnas, que privilegiavam o brilho à luz dos candelabros.